segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Bishcoito

Eu acho que esse é o texto mais difícil que eu escrevi. Principalmente porque eu não tenho a mínima ideia de como botar tudo o que eu quero dizer nisso aqui. Bom, se vocês estão lendo é sinal que eu consegui.

Quando eu botei os pés nessa cidade, eu já senti o frio na barriga. O ar de mudança tomou conta de mim. Eu acho que nesse momento, eu já não era o mesmo.
Os dias foram passando, e o desespero começou a tomar conta. Na escola eu ficava no meu canto, mantendo contato com os meus amigos pelo celular e ouvindo música. A realidade fora disso era muito difícil de encarar. Não tinha coragem pra falar com alguém e não queria fazê-lo pois tinha medo de que não gostassem de mim. Eu acho que essa época foi o ápice da minha insegurança. Já havia imaginado como seria o último dia de aula, e eu me via sozinho ou deslocado em algum lugar, com pessoas as quais eu nem me importava do meu lado. Sempre que eu voltava pra Cuiabá ou ia pra São Paulo em algum feriado, as semanas seguintes eram tomadas por uma tristeza sem tamanho. Essa solidão física e emocional me transformou de um jeito que eu nunca imaginei que aconteceria. Eu descobri que não conseguia viver sozinho, e ao mesmo tempo aprendi a conviver com isso.
Depois de um tempo, um menino virou pra mim e perguntou se eu gostava de sertanejo pois era do Mato Grosso e tinha que gostar de sertanejo. E foi por causa disso que eu conheci as pessoas que eu conheci e fiz os amigos que eu fiz esse ano. Talvez alguma outra pessoa falaria comigo até o final do ano, mas foi esse menino e foi isso que começou tudo. Uma pergunta idiota que até hoje me faz rir. Enfim, por meio de conversinhas cotidianas eu me aproximei do pessoal daquele canto da turma. Quando assustei, já conhecia metade da escola. Até o recesso de julho, todo mundo era só "conhecido e colega", até porque ninguém abre espaço tão fácil assim. E eu estava bem com isso. Pelo menos eu tinha alguma forma de interação com algum ser vivo fora da minha família.
Foi quando eu voltei de Cuiabá que as coisas ficaram realmente legais. Eu me aproximei desse pessoal, e eles meio que entraram no meu coração. A menina que é apaixonada por friends e não sabia o que queria fazer na faculdade, a princesa menina zoeira pra caralho, o moleque com cara de humanas, o comunista, a menina que é um lixo humano, a menina que ama o John, a moça escandalosa do pole, o directioner, a ruiva charmander, o guri que quer engenharia mas botou medicina na uerj ~pela zoeira~, o xdzinho, a porra do bonde do cod, e mais uma porrada de gente. Hoje eu sei que eu não quero esquecer essa galera de jeito nenhum.

Todos temos uma parte dentro de nós que não conhecemos, mas algumas pessoas podem nos ajudar a conhecê-la e nos fazer pessoas melhores. Eu nunca achei que esse ano ia me afetar tanto quanto me afetou, ou que algumas pessoas fariam tanta importância pra mim quanto passaram a fazer. Eu só queria dizer que por mais que a vida me tire dessa cidade e me afaste de quem eu me importo, eu vou fazer de tudo pra manter contato.
Daqui a alguns dias eu estarei voltando pra Cuiabá pras férias e o meu futuro é incerto. Eu só queria dizer que vocês fizeram uma mudança do caralho na minha vida, no meu jeito de olhar o mundo, e tudo mais. Acreditem, a parte mais difícil de tudo isso é deixar essa cidade e aceitar que esses dias que vivemos estão no passado. Espero ouvir muito de vocês, seus bishcoitos. Obrigado por tudo.

Obrigado por fazerem eu me sentir infinito.

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