terça-feira, 27 de agosto de 2013

Angra e Valorização

Não há dúvidas que o rock nacional dos anos 80 e 90 fizeram história na nossa cultura. Bandas como Legião Urbana, Titãs, Raimundos, Engenheiros do Hawaii e cantores como Raúl Seixas e Cazuza marcaram o Brasil e possuem uma fama inalterável. Entretanto, na chegada do século XXI, as coisas mudaram. O rock nacional supostamente perdeu toda a qualidade, e bandas incríveis foram substituídas por uma geração mais nova, que, também supostamente, nunca iriam carregar o legado daqueles gigantes. Desde então o jovem brasileiro se distancia cada vez mais da cultura nova ao seu redor e passa a valorizar muito mais o que vem do exterior. Esse texto não é uma comparação entre as gerações, até porque nenhuma é melhor que a outra. São tempos e contextos diferentes.

É incrível como brasileiro chupa pau pra gringo. Eu, com certeza, passei maior parte da minha vida desvalorizando a música nacional e me importando apenas com bandas americanas e inglesas, e sempre as considerei melhores. Quando eu parei pra pensar, fudeu. Eu percebi que bandinhas como NxZero e Fresno eram MUITO parecidas com Simple Plan e outras merdinhas que eu ouvia. Eu xinguei Restart e Cine mas não parava pra pensar que eles seguiam o mesmo movimento que Cobra Starship e All Time Low. De onde vinha o meu direito de criticar? Era apenas por serem brasileiras? Bom, até hoje eu tenho preferência pela letra em inglês, seja por estar acostumado ou por achar que é uma língua mais articulada (porém menos trabalhada) que o português, mas isso não quer dizer que eu tinha o direito de criticar a banda pela nacionalidade.

O foco do post é sobre uma parte especial do cenário nacional: o metal. Se tem uma coisa que é difícil nesse país é tocar metal. Nacionalmente, é o estilo de música mais desvalorizado. Nego paga 500 reais pra ir ver Metallica mas não desembolsa 50 conto pra ir ver o Sepultura destruir em uma casa de show pequena. Tudo bem, é claro que os caras de lá que inventaram o movimento e etc. Mas CUSTA você ouvir, comprar o CD, a camiseta, ir pro show e valorizar os caras que, basicamente, trazem o movimento pro seu país? Cara, acontece de banda EXCELENTE de metal fazer show que aparece 200 pessoas com o ingresso lá em baixo. E depois tem filho da puta reclamando que o Brasil não produz material musical bom. É claro, tocar metal no Brasil não consegue nem pagar conta de luz, e enquanto isso, os vovôs do Iron Maiden estão comprando sofá de ouro com a discografia completa que você tem na sua estante.

Junto do Sepultura nas maiores bandas de metal do Brasil, está o Angra. Esse, que começou por volta de 1992, tem um dos maiores cantores brasileiros, André Matos, junto com os, na minha opinião, maiores guitarristas brasileiros da atualidade: Kiko Loureiro e Rafa Bitencourt. A proposta da banda era juntar música erudita e power-metal, colocando elementos clássicos da cultura brasileira no meio. A ideia é genial, como também é a banda. Apenas sintam esse solo e vocês verão do que eu estou falando. Enfim, a banda mudou de vocalista e membros, só ficaram os dois guitarristas até hoje. Angra explodiu mundo afora, principalmente no Japão (onde são mais valorizados que aqui) e recentemente voltou fazendo tour de comemoração de 20 anos do primeiro CD. Pelo menos eles estão lotando show, e isso é muito bom pro cenário ganhar força. Você pode me dizer que eles têm pouco de nacional, uma vez que cantam em inglês e etc, mas eu te digo: se eles não fizessem isso não iriam ter feito o sucesso que fizeram. Pouco importam a língua a qual os caras resolvem se expressar, o que importa é que eles vieram daqui e usam elementos da música brasileira quase em todas as músicas. Se o Sepultura não cantasse em inglês eles nunca teriam feito sucesso nos Estados Unidos e não influenciariam a cena metaleira de Iowa (sim, Slipknot é produto do Sepultura).

Enfim, caralho, deem valor pras bandas atuais brasileiras. Não vejo nada de errado com Detonautas, CPM 22, Fresno, Hateen, e o caralho de bandas desconhecidas por nós que o Brasil tem a oferecer. Na próxima vez que um amigo seu chegar e te chamar pro show de uma banda nacional, tenta dar uma chance. O ingresso quase nunca é caro e ajuda a divulgar pra dar uma ajuda pros caras. Músico precisa comer. Ah, e comprem CDs. Eu sei que hoje em dia quase ninguém faz isso, mas vale a pena. Eu paguei por um CD do Hateen e do Vowe juntos a mesma coisa que eu pagaria por um do Muse.

OBS: Aqui um desabafo do Edu Falaschi, segundo vocalista do Angra, que é a visão real do músico brasileiro. Eu concordo com muita coisa que ele falou, vale a pena ver.

OBS': Quem quiser conhecer mais o Angra, confiram essas duas músicas deles: Reaching Horizons e Unholy Wars. Dois CDs excelentes, os melhores, seriam o Angels Cry e o Rebirth.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O medo é a minha religião.

"Sabe o que é mais triste? Saber que esses dias que nós estamos vivendo serão os melhores da nossa vida".
Uma amiga minha me disse isso uma vez. Sempre me disseram isso, sempre foi verdade, mas apenas agora eu fui me tocar o quão triste isso é. O quão melancólico a efemeridade da vida humana é. Justamente agora que temos tempo e saúde, fazemos amigos e criamos laços. Coisas que provavelmente não acontecerão no futuro.
As correntes que consideramos feitas de titânio e diamante podem se tornar em areia no fundo da ampulheta, é só uma questão de tempo. Isso é apavorizante. Porque não importa quanto você ama e se importa com a pessoa hoje, as coisas mudam. Tudo muda. Decisões são feitas e acidentes acontecem. No final só restarão memórias, e memórias apenas.
O futuro me dá medo. O presente me deixa nervoso. E o passado está muito distante.
Se agora é o ápice da minha vida, por que estou aqui? Por que estou longe de quem me ama? Por que não a digo o que eu sinto? Por que tenho tanto medo de tomar atitudes, de viver?
Dúvidas.
Respostas estão no futuro, assim espero. Porém temo em consegui-las tarde demais.