Acordei. A chuva ainda bate na janela. Outro dia, outra luta comigo mesmo. Sento na cama, olho para o relógio, em seguida para a porta e depois para o chão. Com aquele suspiro matinal e tradicional, me levanto e vou "viver". Sempre me disseram pra esperar ajuda, que o passar dos dias cicatriza as feridas. Meu melhor amigo, antes de morrer, me dizia que o tempo só é a escuridão dentro de um túnel imenso, e que a esperança de uma vida melhor é aquele ponto branco no fundo, que parece ser uma luz. Eu acho que ele realmente acreditava nisso, por isso resolveu pegar um trem para chegar mais rápido ao fim do mesmo.
Eu? Eu caminho, lentamente. Anos se passaram, muitos arrependimentos, muitas decepções. Tenho ciência de que é só o começo, mas não me agrada falar sobre o futuro. Eu não discuto o futuro. Tenho medo de ficar pior. De que as coisas fiquem piores. De que doa mais.
Por medo, até, chego a dançar com as batidas do meu próprio coração para não perder tempo enquanto espero a sinfonia começar. Aprecio cada som, cada palpitação, cada tic-tac desse relógio vital.
Me disseram que o tempo faz bem, mas não vejo as minhas lágrimas secarem quando tocam o chão.
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